
Último dia do Paraná Faz Ciência em Irati discute educação, sustentabilidade e inteligência artificial
A palestra “Educação e sustentabilidade em tempos de inteligência artificial” marcou o encerramento do Paraná Faz Ciência no Câmpus de Irati da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). Promovida pelo Departamento de Pedagogia (Deped/I), a conferência foi ministrada pelo professor Luís Fernando Lopes na noite desta sexta-feira (03).
Segundo o docente, é necessário pensar o cenário atual a partir de uma perspectiva que considere a educação como um processo de humanização. Além disso, o próprio futuro depende de uma relação mais sustentável com o meio ambiente
“A inteligência artificial aparece então como um grande desafio, pois pode ser tanto uma grande contribuição — ajudando muito nesse processo — quanto um perigo, devido à grande quantidade de energia necessária para seu funcionamento, à água usada no resfriamento de data centers, entre outras preocupações”, pondera Luís Fernando.
Para ele, o uso da IA envolve uma dimensão ética fundamental, já que são as pessoas que definem os objetivos para os quais essa tecnologia vai operar. “É preciso que o ser humano, em organização, em conjunto, vise sempre o bem comum”, reforça.
Sexta-feira teve ainda oficinas, minicurso e roda de conversa
O último dia de evento começou logo cedo, com a visita dos alunos da Apae de Imbituva. O grupo veio até o Laboratório de Práticas Corporais (Laprac) para uma manhã de atividades circenses do projeto Circo em Contextos. “A ideia foi proporcionar experiências de movimento envolvendo modalidades como malabarismo, acrobacias de solo, acrobacias aéreas em tecido, trapézio e lira, além de algumas expressões artísticas”, pontua Gláucia Andreza Kronbauer, professora do Departamento de Educação Física (Deduf/I) e coordenadora do projeto.
Ainda pela manhã, o Departamento de Engenharia Ambiental (Denam) ofertou o minicurso “Controle de vigilância da qualidade de consumo de Irati e região”. Conduzido pela professora Jeanette Beber de Souza e pela técnica em laboratório Ana Maria Charnei. o workshop reuniu profissionais de Inácio Martins, Irati, Mallet e Rio Azul.
Um dos participantes foi o fiscal sanitário Belmiro Braun Junior, que ressaltou a importância da formação. “A gente tem contato direto com a coleta da água, então é interessante ter o conhecimento técnico-científico sobre isso e conhecer os métodos específicos de análise que são exigidos nas portarias do Ministério da Saúde”, comenta o funcionário da Vigilância Sanitária de Irati.
Já durante a tarde, a “Roda de mate e debate: quem sustenta o que comemos?” buscou incentivar uma reflexão sobre a produção dos alimentos que consumimos diariamente. Iniciativa do projeto de extensão Feira Agroecológica e do Coletivo de Estudos e Ações em Resistências Territoriais no Campo e na Cidade (Ceresta), a conversa destacou a agroecologia como uma alternativa ao modelo do agronegócio.
“A agricultura familiar, camponesa, tradicional, é responsável por produzir mais de 70% dos alimentos que chegam à nossa mesa. E ela faz isso com um grau grande de autonomia, com uma outra relação com a natureza e que, portanto, é verdadeiramente sustentável. Enquanto isso, a agricultura industrial produz commodities num processo cada vez mais destrutivo, infelizmente, provocando o aceleramento da crise climática e gerando injustiça social”, ressalta a professora Fernanda Keiko Ikuta, coordenadora da Feira Agroecológica.
Organizada pelo Núcleo Maria da Penha de Irati (Numape/I) e pelo grupo de pesquisa e extensão “Mulheres, Discursividades e Resistência”, a oficina “Desvendando a violência contra as mulheres: como identifico e o que faço” detalhou como funciona a rede de atendimento para esses casos no município de Irati.
“A gente elaborou alguns exemplos e o objetivo era a pessoa identificar quais eram os tipos de violência naquelas situações e quais seriam os encaminhamentos que poderiam ser feitos. Então tinha órgãos como o CRAM [Centro de Referência de Atendimento à Mulher], o CREAS [Centro de Referência Especializado de Assistência Social], a Polícia Civil, a Polícia Militar, nós – do Numape – para que as pessoas pensassem um pouco sobre como funciona essa rede de apoio”, explica a advogada Gleicy Zaions Gonçalves Dias.
Para a vice-diretora do Câmpus de Irati, professora Juliana De Conto, a programação local do Paraná Faz Ciência foi importante por permitir a participação de muitos alunos da unidade universitária que não poderiam ir até Guarapuava, sede do evento. “Então nós também tivemos a disseminação das nossas pesquisas, dos nossos projetos de extensão para a nossa comunidade daqui, seja ela acadêmica ou geral. E as atividades culturais também serviram para trazer a população até o nosso câmpus”, comenta a docente.
6ª Edição do Paraná Faz Ciência será organizada pela Unioeste
Maior evento científico do estado, o Paraná Faz Ciência é uma iniciativa da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e da Fundação Araucária, em parceria com as sete universidades estaduais e com o apoio de diversas entidades.
Com o tema “Ciência, Tecnologia e Inovação na Ação Contra a Mudança Global do Clima, o evento foi organizado de 29 de setembro a 3 de outubro pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) em Guarapuava, com uma programação complementar em Irati.
Em 2026, o encontro será sediado pela Universidade Estadual do Oeste (Unioeste), em Cascavel.
As fotos do Paraná Faz Ciência estão disponíveis no Banco de Imagens da Unicentro
Por Wyllian Correa