
Pesquisa inédita sobre percepção pública de ciência no Paraná é lançada no Paraná Faz Ciência 2025
Foram ouvidos paranaenses de todas macrorregiões do estado
O Paraná Faz Ciência 2025, maior evento de ciência, tecnologia e inovação do estado, foi palco do lançamento de um trabalho inédito: a primeira pesquisa de Percepção Pública de Ciência, Tecnologia e Inovação do Paraná, apresentada em livro. A obra reúne resultados de um levantamento realizado com mais de 2,6 mil entrevistas em todas as macrorregiões do estado e busca compreender como os paranaenses enxergam a ciência, quais áreas despertam maior interesse e de que forma a população se relaciona com os espaços de divulgação científica.
O lançamento integrou o Eixo 6 – Território, Ciência e Compromisso Social, que promove reflexões sobre o papel da ciência no desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental, além do compromisso das instituições com políticas públicas e redução das desigualdades.
O estudo foi elaborado dentro do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação – Napi Paraná Faz Ciência, e coordenada pelos professores Rodrigo Arantes Reis (UFPR), Tamara Dias Domiciano (UFPR) e Débora de Mello Gonçales (UEM), escrita em parceria com os pesquisadores Emerson Joucoski (UFPR) e pelos graduandos Vitor Yuji Kiemo (Estatística UFPR) e Débora de Mello Gonçalves Sant’Ana (Ciência Biológicas UFPR).
No Brasil, apenas outros dois estados já fizeram pesquisas semelhantes, São Paulo em 2010 e Minas Gerais em 2016.

Obra inédita traz a percepção dos paranaenses sobre Ciência, Tecnologia e Inovação
Resultados
Segundo o professor Rodrigo Reis, a pesquisa, realizada em tempo recorde, seguiu modelos nacionais e internacionais. Os resultados trazem retratos inéditos da percepção da população paranaense. No quesito Confiança na Ciência, o Paraná apresentou índice de confiança de 0,93 nos pesquisadores de instituições públicas, “número muito superior à média nacional, que gira em torno de 0,66”, relata o professor.
A educação foi apontada como tema de maior interesse da população, superando campos tradicionalmente em destaque, como medicina e meio ambiente. “O agronegócio foi identificado como a principal área de ciência e tecnologia no estado, no quesito potencial regional”, completa.
Apenas 4% da população declarou frequentar museus ou centros de ciência, índice muito abaixo da média nacional (11%) e da região Sul (16%). Entre as razões apontadas pelos paranaenses ouvidos, destacaram-se a ausência de espaços próximos e a falta de conhecimento ou acesso a eles.
Reis destacou que os resultados oferecem uma “fotografia do momento” e podem se tornar a base para uma série histórica, acompanhando como a percepção sobre ciência evolui a partir dos investimentos feitos pelo estado.
Aproximar ciência e sociedade
A professora e também autora da pesquisa, Tamara Dias Domiciano reforçou que, apesar do grande interesse demonstrado, ainda há barreiras para o acesso da população à ciência. “Muitas vezes o espaço até existe, mas não é acessível, porque funciona em horários incompatíveis, fecha nos fins de semana ou só atende com agendamento. Outras vezes, simplesmente não há divulgação”, explicou.
Para ela, superar esses obstáculos passa por ações de itinerância e pela ampliação de políticas de divulgação científica. “É preciso mostrar que a universidade pública é gratuita, aberta e possível para todos. Com mais acesso a museus, feiras e atividades itinerantes, conseguimos interiorizar a ciência e despertar na população o interesse pelo ensino superior”, completou.
Lançamento no Paraná Faz Ciência
O lançamento durante o Paraná Faz Ciência reforça o papel do evento como espaço de integração entre pesquisadores, estudantes, gestores e a comunidade.
Reis destacou a importância de tornar a pesquisa disponível já em 2025. “A ideia é que o livro sirva como um balizador para políticas públicas na área de ciência, tecnologia e inovação. É um instrumento que pode orientar tanto a academia quanto gestores públicos na formulação de ações de divulgação e investimento”.
O livro estará disponível para download gratuito no site do Núcleo de Apoio ao Paraná Faz Ciência (Napi), e exemplares impressos serão entregues a instituições de ensino e gestores públicos.
Por Caroline Albertini