Força e resistência das mulheres indígenas ganham visibilidade em documentário

Força e resistência das mulheres indígenas ganham visibilidade em documentário

O Paraná Faz Ciência foi palco, nesta quinta-feira (02), da exibição do documentário “Mulheres Indígenas da BR-277”, que dá voz às mulheres indígenas que sobrevivem da venda de artesanato às margens da rodovia. O filme retrata a realidade de invisibilidade social enfrentada por elas, ao mesmo tempo em que destaca a força da cultura, da tradição e da resistência transmitidas de geração em geração

Segundo a reitora da Unespar, Salete Machado Sirino, a ideia para o roteiro nasceu a partir de suas constantes viagens entre Cascavel e Curitiba, quando observava as mulheres indígenas na estrada. “Eu via muito as mulheres indígenas comercializando seus artesanatos, sempre de forma invisibilizada. Muitas vezes os motoristas fechavam os vidros, sem dialogar com elas. Isso me intrigou e me fez querer conhecer suas histórias. Esse roteiro foi escrito há muito tempo, mas só recentemente consegui transformá-lo em filme. É um documentário necessário, porque fala dessa invisibilidade, mas também da força cultural, econômica e social dessas mulheres”, afirmou Salete.

O documentário foi dirigido por Taylla Sirino, filha de Salete, com co-direção de Hermínia Motta. Para Taylla, a produção foi intensa, mas também emocionante. “Foi muito interessante ver a perspectiva dessas mulheres, a rotina e a força delas. O processo exigiu diálogo com as lideranças indígenas, pedidos de autorização e um envolvimento muito próximo. Foram apenas quatro semanas de filmagens, mas quase um ano de pós-produção. No fim, o mais marcante foi perceber a coragem delas, que vivem em condições de exposição, mas sem o medo que muitas vezes nós temos. São mulheres muito fortes”, destacou.

A sessão também contou com a presença do reitor da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Fábio Hernandes, que ressaltou a importância de dar espaço a essas vozes no evento. “É uma alegria receber este documentário no Paraná Faz Ciência. Vamos aprender muito com a experiência das diretoras e com a realidade retratada. Agradecemos a presença dos nossos estudantes indígenas, das comunidades e da professora Salete, por trazer essa contribuição tão significativa”, apontou.

Entre o público estavam estudantes indígenas da Unicentro e representantes das aldeias da região. A acadêmica de Pedagogia Indígena e moradora de Nova Laranjeiras, Francimara Nirigte, relatou a emoção de se ver representada na tela. “Foi a primeira vez que assisti ao documentário e achei muito bonito. Mostraram nosso dia a dia, o trabalho que fazemos, e é realmente a nossa realidade. Conheço todas as pessoas que apareceram no filme. É importante que outros também conheçam nossa vida e a forma como lutamos para manter nossas tradições”, disse.

O documentário já havia sido exibido em espaços como a Cinemateca de Curitiba, o auditório da Itaipu Binacional e na programação do Abril Indígena da Universidade Estadual de Londrina. Para a reitora e roteirista Salete Machado, trazê-lo agora ao Paraná Faz Ciência amplia o alcance das reflexões propostas pela obra. “O cinema tem esse poder de perpetuar a história e difundir  conhecimento. Esse filme é também ciência, porque nos convida a refletir e a construir novos olhares. Exibi-lo aqui é de um valor inestimável”, concluiu.

 

Por Poliana Kovalyk

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